quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

In Jornal Carteia

“Para estar a 100% em outros projectos, alguns têm de ficar para trás”
Fábio Bota abdica de ir à Selecção Nacional


O atleta e director de pólo aquático do Louletano Fábio Bota decidiu, no passado dia 17 de Dezembro, depois de muito ponderar, abandonar os trabalhos da selecção nacional. Fábio Bota explicou ao Carteia os motivos desta opção, pelo respeito que tem pelos seus colegas de equipa, que, segundo o mesmo, “são os principais responsáveis pela sua chamada, novamente, à selecção nacional”.


Jornal Carteia: Qual o motivo que o levou a abdicar de ir à selecção? Quais os factores que pesaram mais?
Fábio Bota: Não foi uma decisão fácil, e tive de pensar muito, mas infelizmente houveram vários factores que me levaram a abdicar da selecção nacional, mas certamente o que mais pesou foi mesmo a minha família, que tem ficado para terceiro ou mesmo quarto plano. Neste momento é hora de a colocar em primeiro plano. Para complicar ainda mais, este ano tem sido muito complicado, quer a nível profissional, que felizmente tenho tido muito trabalho, quer a nível desportivo, pois a primeira divisão requer mais trabalho e dedicação. Com treinos bi-diários, e trabalho, sobra muito pouco tempo, ou mesmo nenhum para me conseguir dedicar a outros projectos que tenho, e os quais não posso neste ano decisivo falhar. Para além das minhas responsabilidades desportivas, profissionais e familiares, ainda tenho a JSD que me irá ocupar bastante tempo, agora que entramos no ano decisivo de 2009. Com quase todos os fins-de-semanas ocupados com jogos de pólo aquático, os que sobravam seriam estágios da selecção para a preparação do apuramento para o Europeu...

JC: Que balanço faz da sua passagem pela selecção?
FB: O balanço é claramente muito positivo. Finalmente, a selecção está a trabalhar constantemente e certamente o objectivo de nos apurarmos para o Europeu será conseguido, com vários estágios desde já agendados. A nossa selecção tem tempo para se conhecer e criar laços de amizade, que certamente serão muito necessários para os difíceis confrontos que se avizinham. O ambiente na selecção neste momento é verdadeiramente espectacular, onde o grupo está praticamente fechado. Agora resta trabalhar.

JC: Nem a perspectiva do apuramento para o Europeu o demove desta decisão?
FB: É claro que a perspectiva do apuramento levou a pensar ainda mais, pois poder representar o nosso país num evento do género é um verdadeiro orgulho, mas temos de ver as prioridades, e neste momento a selecção não está nessa prioridade. Pessoalmente, já fiquei muito realizado, pela chamada à selecção principal, mas apercebo-me que para estar a 100% em outros projectos, alguns têm de ficar para trás.

JC: Tendo em conta que tem 28 anos, não teme não ter mais nenhuma oportunidade de integrar a selecção?
FB: De modo nenhum. Deixei claro ao seleccionador nacional que neste ano era praticamente impossível contar comigo, assim sendo a perspectiva do Europeu desvaneceu-se. Para o futuro, deixo nas mãos do seleccionador, mas prevejo que seja muito difícil voltar a ser convocado, o que compreendo. Na selecção é tempo de dar espaço aos mais novos e aos mais disponíveis, para que possam dar o seu máximo contributo ao nosso país.

JC: Qual o balanço que faz deste início de campeonato do Louletano, tendo em conta que subiram este ano?
FB: O balanço do campeonato do Louletano é claramente positivo, estamos neste momento a meio da tabela, e a um pequeno passo de garantir a primeira divisão, o nosso principal objectivo. Ainda estamos a meio da campanha, mas acredito que a nossa equipa irá continuar a trabalhar dia após dia para garantir essa manutenção.

JC: O que é que ainda o motiva a continuar a jogar pólo aquático?
FB: Sinceramente, o que me motiva ainda para continuar a jogar pólo aquático é, sem duvida, a minha equipa, os meus colegas de equipa, que todos os dias não viram a cara à luta, e estão sempre presentes com um único objectivo, dignificar o nome do Louletano. Poder fazer parte de uma equipa amadora que treina duas vezes por dia, e depois ainda tem toda uma vida profissional e afectiva fora do clube, sem nunca se queixarem, é para mim um motivo de grande orgulho. São pessoas que treinam todos os dias, sem objectivos monetários nem nada do género. São pessoas em vias de extinção.

Patrícia Melão

1 comentário:

Anónimo disse...

grande Bota!!